O Sporting ainda foi a tempo de ganhar à Académica (2-1), em jogo da 28ª jornada da Liga de futebol, em que pecou por falta de atitude, tendo-lhe valido uma reação final para manter viva chama da Liga dos Campeões.
Um golo do holandês Ricky van Wolfswinkel, aos 77 minutos, deu o triunfo aos “leões”, depois do tento do peruano André Carrillo (30) e do auto-golo do brasileiro Anderson Polga (44).
Aquele que tem sido o ponto forte dos “leões” com Sá Pinto, a atitude coletiva, justamente enaltecida pelo seu treinador como um dos fatores determinantes para a boa carreira que tem trilhado sob o seu comando, foi desta vez o seu “calcanhar de Aquiles”.
Não se tratou, aparentemente, de desgaste físico por causa do jogo das meias-finais da Liga Europa frente ao Athletic de Bilbau, porque esse défice de atitude foi logo percetível desde os primeiros minutos de jogo e porque o melhor período dos leões coincidiu com a parte final da partida.
O Sporting foi uma equipa relaxada e sobranceira na abordagem que fez ao jogo, atitude que manteve durante toda a primeira parte e metade da segunda, em contraste com o espírito de iniciativa, disponibilidade e níveis de agressividade dos jogadores estudantis, que entraram de forma decidida no jogo.
Valeu ao Sporting, além de um pontinha de sorte e falta de eficácia da Académica na hora de finalizar, a reação da equipa nos últimos 25 minutos de jogo, quando percebeu que ia deixar escapar a hipótese de lutar pelo terceiro lugar que dá acesso à Liga dos Campeões, objetivo do qual só depende de si próprio para atingir.
Essa reação final dos “leões” teve, em boa parte, a ver com as entradas de André Martins, a substituir um Elias que, mais uma vez, se “escondeu” muito no jogo, e de Pereirinha, a render um João Pereira que acaba a época fisicamente nas “lonas”.
André Martins emprestou dinamismo ao meio campo, ao imprimir maior velocidade ao jogo e ao penetrar em terrenos mais adiantados, dando profundidade ao ataque, ao passo que Pereirinha, fresco, acabou por ajudar a desequilibrar o flanco esquerdo da defesa da Académica, onde Nilvado, desgastado na marcação a Capel, passou a “meter muita agua”.
De resto, a forma decidida como estes dois jogadores entraram em campo acabou, de certa forma, por contagiar os companheiros, cuja postura, a partir daí, nada teve a ver com que se vira na primeira hora de jogo.
O contraste a nível de atitude na abordagem ao jogo traduziu-se nos primeiros nove minutos da partida em dois lances de perigo iminente do ataque da Académica, o primeiro numa situação dois para um, de superioridade numérica, com Polga face a Marinho e Rui Miguel, e o segundo num remate de Nivaldo que levava “selo de golo”, só evitado por uma grande defesa de Rui Patrício.
A Académica, em risco de descer de divisão depois de uma primeira volta em que ganhou justamente o estatuto de “equipa sensação” do campeonato, cedo disse ao que vinha, com as linhas juntas e subidas no terreno, a pressionar forte logo na primeira fase de construção de jogo do Sporting, sem medo dos espaços nas costas da sua defesa, muito adiantada.
Esta disposição dos estudantes criou, desde logo, grandes problemas ao Sporting nas saídas de bola, em parte por mérito da Académica, em parte pela atitude sobranceira que a equipa adotou desde o início, com Elias e Schaars lentos, a perderem bolas que não são normais neles e sempre muito distantes de Matias Fernandez, o elemento mais avançado do meio-campo.
O Sporting chegou ao golo aos 29 minutos, na sequência de um excelente cruzamento de Capel, com dois jogadores “em cima”, para o coração da área, onde surgiu Carrillo a finalizar, mas foi claramente um golo “contra a corrente”, para o qual os “leões” pouco tinham feito para o justificar.
Apesar do golpe, a Académica não abanou e manteve-se fiel ao seu 4x4x2 pressionante e “atrevido”, obrigando o Sporting a defender mais atrás e a cometer erros defensivos, como aquele que originou o empate à beira do intervalo, através de um auto-golo de Polga, que quatro minutos antes rasteirara David Simão em lance passível de grande penalidade.
Na segunda parte, Pedro Emanuel não foi de modas e lançou Edinho para o eixo do ataque, deixando David Simão, que vira um amarelo, no balneário, e o jogo manteve o mesmo cariz da primeira parte, com a Académica mais afoita na procura do segundo golo do que o Sporting, tolhido na sua sobranceria, como que à espera de um golpe divino para continuar a alimentar o sonho da Liga dos Campeões.
Marinho chegou a ter o 2-1 nos pés, a passe de Rui Miguel, aos 56 minutos, mas Sá Pinto resolveu mexer na equipa, fazendo entrar André Martins e Pereirinha, e com essa decisão terá, provavelmente, ganho o jogo.
O Sporting chegou ao golo da vitória aos 77 minutos, numa recarga de Wolfswinkel, a remate de Carrillo, um golo que soou a injusto para um Académica que fez por merecer mais e à qual Sá Pinto “prestou homenagem” quando a dez minutos do fim trocou Matias Fernandez por Daniel Carriço para segurar a preciosa vantagem.
FONTE: Bomdia.lu