O projecto adoptado pela comunidade reformada previa um interior amplo, organizado em três naves, mas tal só aconteceu nos primeiros dois tramos. Provavelmente por falta de verbas, o plano arquitectónico foi drasticamente reduzido, embora se tenham mantido as dominantes essenciais de cunho cisterciense : linhas austeras e rígidas, ausência de decoração, sobriedade generalizada. Ainda assim, a qualidade e ambição do projecto inicial documenta-se em alguns aspectos construtivos, como a elevação à mesma altura da nave central e do transepto.Do claustro, construído quase um século depois da igreja e totalmente arrasado no século XIX, resta a Sala do Capítulo, espaço quadrangular que denuncia já uma clara tendência para o naturalismo decorativo, característico da escultura arquitectónica do século XIV.
Apesar da relativa menor importância desta casa conventual nos finais da Idade Média, altura em que as doações régias e as de senhores da região diminuíram consideravelmente, Santa Maria de Aguiar manteve a posse de vastas terras tanto em território nacional como castelhano. Mas o mosteiro localiza-se numa área raiana demasiado sensível em tempos de guerra e os vários confrontos entre portugueses e espanhóis ao longo da época moderna determinaram uma certa decadência da instituição.
No século XVII, em consequência de um movimento reformista no seio da Ordem de Cister, o mosteiro foi objecto de algumas obras de actualização estética, como o novo retábulo, mandado executar em 1636. Cerca de vinte anos antes aqui se sepultou Fr. Bernardo de Brito, cronista do Mosteiro de Alcobaça e um dos nomes principais da Monarquia Lusitana, primeiro ensaio historiográfico português, segundo alguns autores. Do século XVIII data o cadeiral de talha barroca, bem como alguns altares e respectivas imagens devocionais.
O período das invasões francesas e a sequente extinção das ordens religiosas determinou o estado de abandono a que o mosteiro chegou na segunda metade do século XIX e inícios do século XX. Alienado pelo Estado em hasta pública, só em 1937 aconteceram as primeiras obras de restauro, a cargo da DGEMN. Até à década de 90 do século XX, contudo, não existiu um esforço concertado e sistemático para a revitalização do imóvel, perspectiva agora ultrapassada pela intervenção do IPPAR.
Na política patrimonial deste Instituto, o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar integra-se no projecto de salvaguarda, recuperação e valorização do Património Cisterciense português, inaugurado a partir da realização do Colóquio "Cister, Espaços, Territórios, Paisagem" (Alcobaça, 1998). Daqui decorrem as obras presentemente em curso, que visam a abertura do monumento ao público.
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Endereço : Direcção Regional de Castelo Branco Rua do Postiguinho de Valadares Edifício P.T. 6000-262 Castelo Branco
Horário : Temporariamente encerrado por motivo de obras de restauro.
Ingresso Normal : € 1.5
Jovens (15 a 25 anos) e reformados : € 0.75
Portadores do Cartão Jovem : € 0.6
Telefone : +351 272 320 312 Fax : +351 272 320 315 E-mail : drcb.ippar@ippar.pt
Acessos :A1, com saída para Abrantes ; IP 6 e IP 2, em direcção à Guarda. EN 221 até Figueira de Castelo Rodrigo ; o monumento fica localizado no Lugar de Santa Maria de Aguiar