O ex-ministro Jorge Braga de Macedo defendeu, em Leiria, que Portugal deve dar atenção aos países lusófonos mais pequenos, “mas ligados a muitos mercados”.
Numa conferência sobre o tema “A Internacionalização e o Financiamento da Economia”, Braga de Macedo recordou a “pertença” de Portugal à Europa e à lusofonia, mas lamentou que nunca se tenha conseguido juntar as duas. “Uns queriam uma coisa e outros outra. Nunca perceberam que podiam ter mais com os dois juntos”, adiantou.
Por isso, o economista defendeu uma “lusofonia económica”, através de “plataformas lusófonas”, que “podem constituir países muito pequenos, mas ligados a muitos mercados”.
Braga de Macedo exemplificou com São Tomé e Príncipe, “ligado à Ásia Central”, e Cabo Verde e Guiné Bissau, “ligados ao mercado da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]”.
“Aproveitar esta ligação é relevante”, salientou o ex-ministro, lembrando que “a atenção dos governantes para a Europa é imposta pela própria dinâmica europeia”, mas “a atenção para a lusofonia é mais rara”, sendo este Governo a “exceção”.
Braga de Macedo abordou ainda o “divórcio” entre a “liberdade política, capacidade de exercer os direitos,” e a “liberdade financeira, que equivale a uma capacidade em controlar a despesa pública e os impostos que são necessários para a financiar”.
A liberdade financeira “tem sido ignorada” ao longo dos séculos, considerou Braga de Macedo.
“No século XX, temos períodos em que há liberdade financeira, no sentido de haver rigor orçamental, mas não há liberdade política. Depois, as liberdades políticas existiram, mas diminuíram a liberdade financeira e a interdependência económica”, referiu.
Braga de Macedo lembrou que Portugal foi considerado, em 2004, “o país da União Europeia com o processo orçamental mais fragmentado, onde não era possível fazer um orçamento” e acrescentou que “há uma resistência a associar a democracia com o controlo da despesa”.
Afirmando que o país se afastou da Europa com o 25 de Abril, Braga de Macedo disse que Portugal é uma “economia fechada para a sua dimensão, no comércio, bens e serviços e atração do investimento estrangeiro”, com “exceção para o turismo”.
“Não se criaram condições para que o investimento estrangeiro viesse para cá”, acrescentou.
FONTE: Bomdia.lu