O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou em entrevista à revista brasileira “Veja” que a atual situação da economia portuguesa foi gerada por “más decisões internas”, que nada têm a ver com a política europeia.
“Os desequilíbrios existentes em Portugal são resultado de más decisões tomadas por nós mesmos. Usámos mal o dinheiro, seleccionámos mal os projetos de obras públicas, aumentámos os impostos, não abrimos a economia. Os líderes europeus não agravaram os nossos problemas, pelo contrário, ajudaram-nos”, afirmou Passos Coelho à revista “Veja”, distribuída no sábado no Brasil.
Sobre a probabilidade de o país ter de recorrer novamente a um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Passos Coelho não descartou a hipótese por completo, mas afirmou acreditar que não será necessário.
“Creio que não. De qualquer modo, o FMI e a União Europeia comprometeram-se com uma nova ajuda em dinheiro se no futuro subsistir alguma dificuldade”, ponderou.
A expectativa, de acordo com o primeiro-ministro, é de que o país volte a emitir títulos da dívida pública, a juros baixos, até setembro de 2013, conforme o prazo previsto.
Passos Coelho confirmou ao semanário que levará adiante o programa de privatizações, citando os setores de energia, transportes, aeroportos, além dos correios e um canal de televisão como os próximos da lista.
“O objetivo é tirar o Estado da economia, acabar com o estado patrão, dono das empresas. Pretendemos atrair capital novo para Portugal”, reforçou.
Questionado sobre como a opinião pública portuguesa estava a reagir ao programa de privatizações, o primeiro-ministro garantiu que “não tem havido resistência”.
“Os portugueses sentem que o Estado não foi um bom gestor de empresas. Os cidadãos também sabem que precisamos atrair dinheiro externo para movimentar a nossa economia”, declarou.
O primeiro-ministro defendeu ainda que a crise deve ser encarada como uma “oportunidade” para corrigir, entre outros erros, os “desvios existentes nos serviços sociais”.
“Teremos de corrigir a rede assistencialista de tal modo que aqueles que realmente precisam de ajuda social possam recebê-la, sem abusos”, concluiu.
FONTE: Bomdia.lu