O “memorial” do 11 de setembro já é das maiores atrações turísticas de Nova Iorque, mas, um ano depois da abertura e no 11.º aniversário dos atentados, debate-se com atrasos e falta de acordo oficial sobre a sua gestão.
No 10.º aniversário, o Presidente Barack Obama e o ex-Presidente George W. Bush estiveram em Nova Iorque para marcar a abertura do Memorial, numa cerimónia altamente mediatizada, mas este ano a data será marcada de forma mais discreta, embora haja ameaça de protestos pelos atrasos na conclusão do projeto.
Lou Mendes, vice-presidente do Memorial e Museu do 11 de Setembro, responsável pelo desenho e construção do projeto, disse à Lusa que será preciso mais um ano para concluir o museu e acabar o resto da praça em torno das duas enormes fontes criadas nas fundações das duas Torres Gémeas, em memória das 3.000 vítimas dos atentados.
“Só no próximo ano começaremos a acabar o projeto. Vamos acabar com uma grande praça aberta ao público”, adiantou.
Ao contrário do que estava previsto, o museu, projeto de mil milhões de dólares (781 milhões de euros, ao câmbio atual), não será aberto este ano, devido a disputas entre a Câmara de Nova Iorque, responsável pela sociedade Memorial e Museu do 11 de Setembro, e a Autoridade Portuária, proprietária dos terrenos, que é controlada pelos governos estaduais de Nova Iorque e Nova Jérsia.
Em causa está quem irá suportar os custos operacionais do museu, uma enorme estrutura com sete andares abaixo do solo, e quem será responsável pela gestão da praça pública, que se tornou numa atração para os turistas nova-iorquinos.
No primeiro ano de atividade, o Memorial teve 4,5 milhões de visitantes, público comparável ao de grandes atrações da cidade, como o Metropolitan Museum.
Numa manhã de um dia de semana, é visível o congestionamento de peões no Memorial, e embora a zona em redor das fontes, parque e museu inacabado seja um estaleiro, em que sobressaem os 104 andares da Torre da Liberdade, que, quando estiver concluída, no início de 2014, será o maior edifício da cidade.
Lou Mendes, ligado aos trabalhos do 11 de Setembro desde a remoção dos destroços das Torres Gémeas, afirma que o número de visitantes surpreendeu pela positiva, e não prejudica a intenção do espaço, que é de convidar ao silêncio e reflexão.
“Os visitantes adoram as fontes, adoram o silêncio que monumento evoca, a grandeza do que estes edifícios significavam há anos e quando veem estas fontes grandes e abertas percebem a dimensão do feito que foi construir isto”, disse à Lusa.
No ano passado, Mendes guiou pelo Memorial o Presidente da República, Cavaco Silva, e ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, até às placas, em torno das fontes, em que estão inscritos os nomes de portugueses e luso-americanos vítimas dos atentados.
Na véspera deste aniversário dos atentados, as autoridades tentam um acordo de última hora sobre a gestão do Memorial, sob ameaça de familiares de vítimas de que irão realizar manifestações.
A construção do Memorial foi marcada, quase desde o início por disputas políticas e atrasos, devido ao grande número de entidades envolvidas e natureza sensível do projeto, até que uma nova administração na Autoridade Portuária alcançou em 2008 um acordo sobre a sua construção.
Em vez dos 11 mil milhões de dólares (8,6 mil milhões de euros ao câmbio atual) estimados há 4 anos, o projeto deverá custar para cima de 15 mil milhões (11,7 mil milhões de euros), segundo as mais recentes estimativas.
“O atraso é um enorme desapontamento para familiares de vítimas e muitos atores que trabalharam duramente na curadoria do museu”, afirmou Julie Wood, porta-voz do presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg.
FONTE: Bomdia.lu