A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, negou que o Fundo Monetário Internacional esteja a planear qualquer programa de apoio financeiro a Espanha, desmentindo notícias divulgadas pelo The Wall Street Journal.
“Esse plano não existe. Não recebemos qualquer pedido nesse sentido e não estamos a trabalhar em relação a qualquer apoio financeiro”, disse Lagarde, citada num comunicado do FMI.
Lagarde falava depois de uma reunião “muito produtiva” que manteve com a vice-presidente do Governo espanhol, Soraya Saénz de Santamaría, hoje em Washington.
O The Wall Street Journal afirma hoje, na sua edição online, que o Governo está a negociar com o FMI um eventual plano de contingência para um empréstimo a Espanha, mas o ministro da Economia, Luis de Guindos, considerou a notícia “sem sentido”.
Esse empréstimo do Fundo Monetário Internacional seria destinado a apoiar Espanha caso o país não consiguisse o financiamento necessário para resgatar o Bankia, um dos maiores bancos espanhóis, que necessita de um total de 23.400 milhões de euros.
De Guindos considerou “rumores sem sentido” a informação publicada na edição digital do The Wall Street Jounal, que referia que o FMI teria previsto um plano de contingência para Espanha que poderia chegar aos 300.000 milhões de euros.
Segundo referiu, as notícias são um exemplo de que no atual contexto “difícil” aparecem “rumores em todos os lados”, os quais, neste caso, nem sequer vale a pena desmentir.
O governante lamentou que este “nervosismo” tenha acabado por ter “impacto na atividade económica real” espanhola.
Segundo o The Wall Street Journal, que cita fontes envolvidas na gestão da crise espanhola, o departamento europeu do FMI começou a debater planos de contingência para um crédito de resgate a Espanha para o caso de o país não conseguir captar fundos necessários para resgatar o Bankia.
As notícias do The Wall Street Journal surgem horas depois de o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, ter afirmado que o governo espanhol atuou da “pior maneira possível” no resgate do Bankia, ao “subestimar” inicialmente o problema.
Citado pelas agências de notícias espanholas, Draghi disse que isso pode levar a que o resgate seja mais caro, um erro, considerou, que já foi cometido por outros países, como a Bélgica no caso do banco Dexia.
“O que mostram os casos do Dexia e do Bankia é que, quando nos enfrentamos com dramáticas necessidades de recapitalização, a reação dos Governos ou dos supervisores nacionais é subestimar a importância do problema, apresentar uma primeira avaliação, depois uma segunda, uma terceira, uma quarta”, disse Draghi na comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu.
“Essa é a pior maneira possível de fazer as coisas, porque ao final todos acabam por fazer o correto, mas ao custo mais alto possível”, disse.
Nesse sentido, Draghi alertou os governos europeus de que é melhor “errar por excesso ao início do que errar por defeito”, procurando na avaliação das necessidades de capitalização dos bancos “exceder-se na transparência”.
Na opinião do presidente do BCE, a principal lição que se tira da crise do Bankia é que “é necessária uma maior centralização da supervisão bancária”.
FONTE: Bomdia.lu