A nova diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que as suas principais preocupações à frente do fundo são a crise europeia da dívida soberana e o fluxo de capitais para as economias emergentes.
“Os assuntos urgentes a que temos de prestar atenção têm a ver com a dívida soberana”, disse Lagarde, na primeira conferência como líder do FMI, a primeira mulher a desempenhar o cargo, em mais de 60 anos de história da instituição.
Lagarde, depois de duas décadas nos Estado Unidos no escritório internacional de advogados Baker & McKenzie, do qual chegou a presidente, era ministra das Finanças de França até passar a liderar o FMI, uma posição na qual prometeu ouvir os conselhos daqueles que, no fundo, conhecem bem as suas áreas.
“Sem querer parecer demasiado poética, diria que nem todos os maestros sabem tocar piano, violino ou violoncelo. E eu tentarei ser uma boa maestrina”, referiu, prometendo imparcialidade e garantindo que não beneficiará nenhum país ou região.
Por outro lado, Lagarde admitiu que a economia global continua em recuperação, mas referiu que este processo tem sido “desigual”, com um ritmo mais rápido nos países emergentes que nos países avançados.
“A retoma é desigual e claramente desequilibrada”, referiu.
A responsável afirmou que, no FMI, vai defender uma visão integral, com “critérios standard” de análise económica, mas que incluem questões sociais ou relacionadas com o emprego.
A ex-ministra francesa evitou fazer comentários sobre o processo judicial que envolve o seu antecessor no FMI, o também francês Dominique Strauss-Kahn, acusado de crimes sexuais contra uma empregada de hotel em Nova Iorque, mas elogiou as reformas que Strauss-Kahn fez na instituição.
Lagarde recusou fazer julgamentos apressados sobre o escândalo Strauss-Kahn,que se demitiu do FMI a 18 de maio, num caso que conheceu novos desenvolvimentos quando, na passada semana, a justiça americana admitiu ter dúvidas quanto à credibilidade do testemunho da funcionária do hotel.
“A presunção de inocência é algo altamente valorizado em todo o mundo. Peso que a imprensa também a deveria respeitar”, afirmou Lagarde, que disse já ter falado ao telefone com Strauss-Kahn, um contacto “rigorosamente profissional e exclusivamente dedicado à sucessão” no FMI.
A nova líder do fundo prometeu ainda reforçar a diversidade na instituição, para “continuar a reforçar a legitimidade do FMI”, que passa por dar mais voz às economias emergentes.
Bomdia.lu