O ministro das finanças, Vítor Gaspar elogiou a “tolerância e maturidade” dos manifestantes contra as medidas de austeridade, e sublinhou que a ‘troika’ sairá mais depressa de Portugal se o programa de ajustamento for concluído.
“As manifestações foram muito grandes, com muita gente de diferentes origens sociais e políticas que quer que a sua voz seja ouvida, houve muita contenção e dignidade, e tínhamos a certeza de que não haveria incidentes”, disse Gaspar em Berlim, numa conferência com o seu homólogo alemão Wolfgang Schäuble sobre o programa de ajustamento português.
O ministro objetou, porém, que para que a ‘troika’ do FMI e da União Europeia saiam de Portugal, como os manifestantes exigiram nas ruas de dezenas de cidades, “a única hipótese é concluir com sucesso o processo de ajustamento, para não ser necessário mais tempo”. Tudo o resto, advertiu Vítor Gaspar, “só fará a ‘troika’ ter de ficar mais tempo em Portugal”.
Em resposta às perguntas de um jornalista do canal de notícias n-tv, o ministro português manifestou-se ainda confiante de que Portugal não precisará de um segundo programa de ajustamento e de mais um empréstimo dos seus parceiros internacionais, e de que Portugal regressará aos mercados após a conclusão do atual programa.
Sublinhou, no entanto, que o referido regresso aos mercados “é um processo gradual, que já foi iniciado. Quando o atual programa expirar, em 2014, estaremos em condições de nos auto-financiarmos, o que exigirá, no entanto, grandes esforços”, advertiu.
Schäuble, que fez o elogio do seu colega, português, num breve improviso, disse que Vítor Gaspar “é o homem certo, no lugar certo e no momento certo”, destacando as suas qualidades profissionais e o prestígio de que goza junto dos seus colegas do eurogrupo.
“Há sempre muitas expectativas a que não conseguimos corresponder, e muita especulação que se devia evitar, e Vítor Gaspar é um dos que nunca gera confusão nos mercados e sabe que só há um caminho para o sucesso”, disse o ministro germânico.
Schäuble disse ainda que “é preciso respeitar os sacrifícios” das pessoas nos países sob resgate, desejou “muito sucesso ao colega e garantiu-lhe que Portugal “pode confiar no apoio duradouro da Alemanha”.
Na sua exposição inicial, Vítor Gaspar utilizou vários gráficos que espelham o agravamento da dívida e do défice portugueses, concluindo que para estabilizar o euro “é necessária uma política orçamental prudente e um crescimento verdadeiramente sustentável”.
FONTE: Bomdia.lu