Despedir o treinador Jorge Jesus seria “uma má decisão”. O Benfica passou “demasiado tempo a celebrar a conquista do campeonato”. O plantel tinha “carências”. E as expectativas criadas eram demasiado altas. Estas foram as ideias mais fortes de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, numa entrevista ao canal do clube, em que justificou o fracasso na presente temporada e assumiu uma atitude mais humilde para a próxima época.
Vieira começou por deixar claro que Jorge Jesus continuará no clube. “Há um percurso longo a percorrer com o treinador. É minha convicção que voltaremos a ganhar com ele”, disse o líder benfiquista, repetindo que não pode ser ingrato com o técnico. “Assumirá as culpas que tiver de assumir. Eu próprio também cometi erros”, reconheceu o presidente, considerando-se o “o único responsável pelo que se passou nesta época” e revelando que na próxima vai “delegar menos”.
Jorge Jesus vai iniciar a terceira época seguida no Benfica, algo que não acontecia a um treinador desde 1991-92, com Eriksson. E Vieira fez questão de salientar que não quer regressar aos tempos em que o clube era um cemitério de treinadores. “Com o que se passou recentemente, se não tivesse a serenidade que tenho, esta casa entrava toda em parafuso. Mal de mim se fosse reagir às pressões que me fazem”, disse Vieira, garantindo que a continuidade de Jesus não está relacionada com razões financeiras, para evitar o pagamento de uma indemnização elevada.
Na entrevista à Benfica TV, Filipe Vieira fez uma mea culpa e apontou as causas para o insucesso. “Criámos demasiadas expectativas, incluindo eu próprio, e passámos demasiado tempo a celebrar o campeonato”, admitiu o presidente: “Andar em festa constantemente distraiu-nos da preparação do futuro.”
Numa análise que marcou uma clara mudança de discurso na cúpula benfiquista, Vieira defendeu ainda que o “plantel foi insuficiente para as expectativas” do clube, dando os exemplos da falta de opções em casos de lesões de Salvio ou Gaitán. “Paralelamente não nos preparámos convenientemente para a Supertaça e essa derrota marcou o início da época desportiva”, acrescentou Filipe Vieira, que desta vez pouco falou de arbitragens.
Feito este balanço, e numa altura em que aguarda um relatório do treinador, Vieira assumiu a promessa de ser mais “cuidadoso” na definição do plantel da próxima época. Sobre jogadores falou pouco. Numa altura em que os médios Bruno César e Nemanja Matic são as únicas contratações oficializadas, o líder dos “encarnados” só admitiu fazer sacrifícios para contratar Salvio (que esteve emprestado pelo Atlético de Madrid). Quanto a saídas, garantiu que Cardozo não está no mercado e que Fábio Coentrão tem cláusula de rescisão. Mas a venda de jogadores não está fora de hipótese, até porque o Benfica deve procurar “mais-valias”.
Vieira não mostrou qualquer arrependimento pelas saídas de Di María e Ramires no início da época. “Se no futuro formos confrontados com situações idênticas, é um acto de gestão. Só temos de nos acautelar e ser mais rigorosos nas aquisições”, argumentou o presidente do Benfica, cuja palavra de ordem para a nova época é “humildade”: “Não há campeões feitos antecipadamente. Já pagámos facturas caras por pensarmos assim. Que tenhamos os pés no chão e que sejamos todos humildes.”
Bomdia.lu