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26 Setembro 2023

Catedrático brasileiro reúne, pela primeira vez, a obra integral de Cesário Verde

Clique para ampliar O catedrático brasileiro Ricardo Daunt reúne, pela primeira vez, a obra integral de Cesário Verde, definitivamente fixada, com a produção poética revista e ordenada, a biografia organizada e a correspondência anotada, diz a DinaLivro, que chancela a edição.

A editora, em comunicado enviado à Lusa, afirma que a produção de Cesário Verde (1855-1886), agora reunida na “Obra Poética Integral de Cesário Verde”, foi “revista e ordenada, de acordo com a semelhança formal e temática dos poemas publicados em vida, a biografia organizada cronologicamente e toda a correspondência acompanhada por notas elucidativas”.

Na introdução, Ricardo Daunt afirma que o poeta português “supera o impasse do modelo realista, para criar uma poesia que não se contenta em permanecer no interior da cápsula do real”.

Defende o investigador brasileiro que a obra de Cesário “está congestionada pelo seu tempo, tanto em relação a assuntos que a interessam, como pela forma de os tratar”.

“A originalidade maior talvez resida no facto de ter conseguido reinterpretar, combinar, refundir e caldear os programas de arte da época, de tal forma que a sua produção poética traduz a crise, a crítica e a ultrapassagem dos modelos” de beleza e da sua perceção, defendidos pelos programas de arte da época, como argumenta Daunt que, segundo a DinaLivro, investigou a obra do autor de “O sentimento dum Ocidental”.

Na introdução o catedrático da Universidade de S. Paulo lembra que o autor viveu “o fluxo e refluxo do Romantismo”, fustigando, “a princípio, a reação satânico-católica de Baudelaire a esse mesmo Romantismo (cerne de todos os ismos até ao final do século XIX)”, recolhendo, “posteriormente — ou diria melhor, simultaneamente — o impacto renovador do Impressionismo nas artes plásticas”, e acabando por antever “o Expressionismo da viragem do século”.

“Cesário emprestará, sobretudo nos seus poemas da maturidade, como ‘Num bairro moderno’, o ponto de vista de um observador transeunte que se exprime através de um lirismo antideclamatório, embora envolvido pela atmosfera do que procura captar”, argumenta Ricardo Daunt, que também é poeta.

A obra de Cesário, escreve o especialista brasileiro, “atesta a presença de um sujeito lírico que deambula pelo mundo urbano da civilização industrial, capturando os variados recortes físicos e os múltiplos estímulos sensoriais da cidade labiríntica”, que é Lisboa.

Cesário Verde, autor que Fernando Pessoa considera “mestre”, foi o precursor da modernidade na poesia portuguesa. O autor começou a publicar versos em 1875, em jornais e revistas, e morreu sem ter reunido toda a sua poesia num livro. Esta veio a ser reunida em 1887, por Silva Pinto, mas a obra ficou dispersa, sendo agora reunida e organizada de acordo com critérios literários.

LUSA

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