Pouco se sabe sobre a vida de Luís Vaz de Camões. Acredita-se que tenha estudado na Universidade de Coimbra, onde se teria formado em Artes. Apesar de não ser rica, a sua família frequentava a corte, o que lhe valeu a chance de aproximar-se de Dom João III. Porém, uma aventura amorosa com uma das damas-de-companhia da rainha Catarina de Ataíde levou-o ao desterro no Ribatejo. Estudiosos da obra de Camões acreditam que os seus versos de amor foram inspirados nesta paixão tumultuada e perdida.
Em 1547, afastado da capital, virtualmente exilado, Camões decidiu seguir a carreira militar e partiu para o norte da África. Combatendo em Ceuta, perdeu o olho direito. Em 1550, retornou a Lisboa onde intercalou a sua vida entre a corte, que voltara a abrir-lhe as portas, e noitadas boémias. Numa briga de rua, feriu um cavalariço do rei e foi condenado a um ano de prisão. Nesta época, já havia começado a trabalhar Os Lusíadas, um canto de louvor ao descobrimento da rota marítima para as Índias pelo navegador Vasco da Gama.
Libertado em 1553, Camões partiu para combater na Índia. Depois, foi transferido para Macau. Em 1559, acusado de extorsão, enviaram-no para a Índia, viagem em que sobreviveu a um naufrágio. Em 1570, voltou a Portugal, via Moçambique, com o manuscrito de Os Lusíadas ainda inédito. Após a publicação – apesar da fama transitória e de uma pensão que lhe foi outorgada pelo rei Dom Sebastião – Camões iniciou um caminho de decadência em que chegou a comer por favores de amigos. Morreu pobre e esquecido.
Os Lusíadas, escrito em dez cantos de versos octassílabos, foi influenciado tanto pela Eneida, de Virgílio, como por Orlando Furioso, do poeta italiano Ludovico Ariosto. Entrelaçadas com a história da viagem de Vasco da Gama, Camões louva a história portuguesa, as ideias cristãs e os sentimentos humanistas. Mas, ainda que exalte as façanhas dos lusitanos, Os Lusíadas também reflete a visão crítica e amarga do seu autor sobre a política colonialista de Portugal.
A fama de Luís Vaz de Camões também se deve a numerosos poemas publicados postumamente : 211 sonetos, 142 redondilhas, 15 canções, 13 odes, nove éclogas, cinco oitavas, incontáveis cartas e três peças teatrais, duas das quais baseadas em modelos do teatro clássico. O tema principal da poesia de Camões é o conflito entre o amor apaixonado e sensual e a ideia neoplatónica de amor espiritual. A sua obra, de notável perfeição e simplicidade formal, levou Wilhelm Storck a chamá-lo de “filho legítimo do Renascimento e humanista dos mais doutos e distintos do seu tempo”.
Adaptado do site www.falalingua.hpg.ig.com.br