O sociólogo António Barreto defende uma auditoria parlamentar às contas públicas, depois de um membro do Banco Central islandês ter apelado à criação de uma comissão de inquérito em Portugal.
“A população tem de saber o que se passa e o que se passou”, uma vez que “os senhores do Fundo Monetário e da Europa já sabem”. Agora “já só faltam os portugueses”, afirmou.
O elemento do Banco Central da Islândia, Gylfi Zoega, disse no sábado à Lusa que Portugal deve investigar quem está na origem do elevado endividamento do Estado e dos bancos, e porque o fez.
“Temos de ir aos incentivos. Quem ganhou com isto? No meu país eu sei quem puxou os cordelinhos, porque o fizeram e o que fizeram, e Portugal precisa de fazer o mesmo. De analisar porque alguém teve esse incentivo, no Governo e nos bancos, para pedirem tanto emprestado e como se pode solucionar esse problema no futuro”, disse à Lusa o responsável islandês.
À margem de uma conferência, que decorreu na noite de quarta-feira, em Leiria, António Barreto disse à Lusa que já pediu “uma vez” e “insiste” que “Portugal devia conhecer as contas públicas”, pelo que “se devia ter feito, ou fazer ainda, uma auditoria às contas públicas nacionais”.
O sociólogo deixa o desafio ao próximo Parlamento, após as eleições de 5 de junho, para “organizar-se e proceder a essa auditoria, seja para estudar melhor o que aconteceu, e está a acontecer, seja para uma análise da crise”.
Respondendo sobre quem deve apurar os alegados culpados e eventualmente levá-los a tribunal, o sociólogo considerou esta posição de “completamente idiota” e justificou que as responsabilidades a apurar são “políticas”.
Bomdia.lu