As Aldeias do Xisto têm perto de 600 camas para turistas no interior centro de Portugal, onde a oferta organizada de alojamento era quase inexistente há dez anos, disse o coordenador Rui Simão à agência Lusa.
As seis centenas deverão ser alcançadas no final de 2013, quando aos quartos em espaço rural se juntarem dois novos hotéis de quatro estrelas e um aldeamento de cinco estrelas em Oliveira do Hospital e Miranda do Corvo, destacou.
Em 2001, quando a rede arrancou, “a oferta era praticamente insignificante em termos de organização coletiva”, referiu Rui Simão, coordenador da rede de Aldeias do Xisto.
Hoje são 27 aldeias e há 21 municípios envolvidos com diferentes tipos de infraestruturas, desde circuitos pedestres até praias fluviais. O denominador comum é o contacto com a natureza e as tradições.
O número de empresas de animação associadas à rede cresceu também de uma para oito e toda a oferta está disponível numa central de reservas.
Rui Simão estimou que em 2011 tenham passado pelo território da rede cerca de 30 mil pessoas, com base nos inquéritos preenchidos pelos associados.
A fazer fé nos números, significa que em meia dúzia de anos se recupera o investimento público inicial de 15 milhões de euros, aplicado na recuperação de imóveis, caminhos e outros espaços públicos, tornando as aldeias mais vistosas, adiantou.
“É preciso ser cego para não ver”, disse, por seu vez, Joaquim Cabaço, que tem uma loja aberta há 30 anos em Janeiro de Cima, uma das aldeias da rede, situada no concelho do Fundão.
A recuperação das casas e arruamentos foi o principal benefício visível com a criação da marca Aldeias do Xisto e a aplicação do dinheiro do terceiro Quadro Comunitário de Apoio europeu.
Há “mais turistas” e “mais trabalho”, acrescentou Manuel Carvalho, trabalhador na área da construção.
Para Joaquim Cabaço, no entanto, os dias já foram melhores. “De há dois anos para cá acabou o dinheiro e acabaram as obras”, lamentou.
Nas ruas da aldeia ainda se ouve o som de obras de construção civil, mas nada que se compare ao que já foi, disse.
Maria da Conceição, com 65 anos sempre vividos em Janeiro de Cima, toma conta do café do filho e nota que “há menos gente” a visitar a aldeia.
“Era importante receber mais visitantes, porque houve muitos investimentos, mas está tudo em crise”, sublinhou.
O coordenador da rede de aldeias considera “natural” que haja “preocupação, sobretudo em relação ao desempenho futuro” e também devido ao fim de pacotes vendidos por empresas de experiências turísticas.
“Há o outro lado da moeda”, disse acreditar Rui Simão, considerando que a rede de Aldeias do Xisto pode ambicionar a ser o destino de quem, no meio da crise, “quer mudar de vida” ou daqueles que procuram “experiências autênticas e de contacto direto” com a natureza.
“Aqui é-se feliz com menos”, concluiu.
Por outro lado, desde 2007, as intenções de investimento privado no território ascendem “a 20 milhões de euros”, ultrapassando os dinheiros púbicos enquanto locomotiva dos empreendimentos na rede.
Para 2013, está previsto o lançamento da Rota do Zêzere, com percursos pedestres, cicláveis e de canoa, desde a nascente na Serra da Estrela até ao Tejo e cuja marcação está a arrancar.
Para o próximo ano está também previsto o lançamento de um novo portal na Internet e de uma aplicação da rede para dispositivos móveis.
LUSA